quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saravá nosso Pai Ogum



Nesta casa de guerreiro, Ogum
Vim de longe pra rezar, Ogum
Rogo a Deus pelos doentes, Ogum
Na fé de Obatalá, Ogum


Ogum salve a casa santa, Ogum
Os presentes e os ausentes, Ogum
Salve nossas esperanças, Ogum
Salve velhos e crianças, Ogum

Nego velho ensinou, Ogum
Na cartilha de aruanda, Ogum
E Ogum não esqueceu, Ogum
Como vencer a demanda, Ogum

A tristeza foi embora, Ogum
Na espada de um guerreiro, Ogum
E a luz do romper da aurora, Ogum

Vai brilhar neste terreiro, Ogum

Saravá Pai Ogum


Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. É sincretizado com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após ter sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, batalha, briga. É filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro, na verdade foi Ogum quem deu as armas de caça à Oxossi. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável. É a vida em sua plenitude.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.

Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, militares, soldados, ferreiros, trabalhadores, agricultores e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum é o dono das estradas de ferro e dos caminhos. Protege também as portas de entrada das casas e templos (Um símbolo de Ogum sempre visível é o màrìwò (mariô) - folhas do dendezeiro (igi öpë)

Ogum também é considerado o Senhor dos caminhos. Ele protege as pessoas em locais perigosos, dominando a rua com o auxílio de Exú. Se Exú é dono das encruzilhadas, assumindo a responsabilidade do tráfego, de determinar o que pode e o que não pode passar, Ogum é o dono dos caminhos em si, das ligações que se estabelecem entre os diferentes locais.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ponto - Baiano Pé de Vento

Á PROCURA DE UMA LUZ
FUI NO SERTÃO DA BAHIA
ENCONTRAR SEU PÉ DE VENTO
E A SUA ESTRELA GUIA


DAS COISAS SIMPLES DA VIDA
ELE TRÁS SEUS ENSINAMENTOS
DAS PALAVRAS Á MAGIA
DA MAGIA AO SENTIMENTO


Á PROCURA DE UMA LUZ
FUI NO SERTÃO DA BAHIA
ENCONTRAR SEU PÉ DE VENTO
E A SUA ESTRELA GUIA

COM SUAS FACAS NO CINTO
ELE LUTA COM AMOR
P’RA VER SEUS FILHOS DE FÉ
SEGUIR VIDA SEM TEMOR

sábado, 11 de abril de 2009

Nunca te sintas sozinho - Mensagem de Oxalá

Ouve, meu filho:
Quando todas as portas se fecharem, quando sentir o vendaval da
adversidade açoitar as suas faces, quando a tormenta te surpreender
em meio a tua jornada, segue; Segue sempre de cabeça erguida,
pois o teu guia sou eu.
Ainda que todos os males te aflijam, ainda que as ingratidões te
atordoem e te façam sofrer, lembra-te que eu sou a tua luz e a tua esperança.
Se fores atingido pela calúnia e pela apreensão, não te
desesperes - estarei ao teu lado confortando a tua dor, amparando a
crença que está em teu coração.
Fecha os teus olhos às tentações e abre o teu coração ao amor e à
bondade e ainda que a multidão te apedreje, ainda que te acuse de
crimes que não cometeste, não te sintas intimidado,
nem te acovardes - enfrenta corajosamente os teus acusadores e
vence a tua luta com a firmeza da tua consciência limpa.
Mas se fores traído, se fores perseguido injustamente, não
deixeis que o desânimo domine o teu ser. Fazei do teu coração uma
fonte de amor e ternura e segue os meus passos.
Se em tua luta pela vida somente encontrares a maldade, o egoísmo
e a vingança, perdoa, meu filho. Seja bom, simples, carinhoso,
humilde, pratica a verdadeira caridade, perdoando os teus inimigos.
Reze pelos teus perseguidores, porque eles são mais infelizes do que
tu, meu filho. Cegos e desvairados, eles caminharão para o abismo e
serão destruídos pela própria maldade.
Prossegue a tua jornada confiante em tua fé. Em cada um dos teus
passos, ficarão as marcas das minhas bênçãos; em cada um dos teus
actos, ficarão as marcas indeléveis da tua confiança em mim.
Ouve, meu filho:
Se algum dia tiveres preso ao leito vergado pela dor,
desesperançado pelo sofrimento atroz, não apresses o teu fim no
desespero e nem praguejas o teu destino.
Lembra-te dos que choram, lembra-te dos que sofrem,
lembra-te dos angustiados, lembra-te de que
mais sofredores são os que vivem nas trevas da descrença.
Lembra-te que eu também sofri para te redimir e te salvar e
quando sofreres, eu sofrerei contigo; quando chorares,
eu chorarei com o teu pranto.
Vence, vence meu filho - vence tua luta com a força do teu amor,
com o poder indestrutível da tua fé. Eleva o teu espírito,
purificando a tua alma do sofrimento e na compreensão dos erros
humanos.
Olha para o alto e procura descortinar o meu reino além do
infinito. Aqui estou, meu filho, para te oferecer amor e bondade.
No meu reino de luzes, o teu coração é o meu coração e as portas
não se fecharão jamais.
Caminha para frente sem temer os inimigos. Sê complacente para
com os que não compreendem as tuas convicções e a tua fé.
Lembra-te, meu filho:
Ainda que sinta os teus pés sangrarem, ainda que as tuas lágrimas
queimem as tuas faces, não desanimes: crê em mim, filho meu!
Tens o meu coração cheio de amor e bondade, tens o consolo
do meu perdão para os teus pecados, tens o meu reino que é o teu reino.
Eu esperarei por ti, meu filho. Eu esperarei...