quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pedido a Oxalá

Eu vou fazer um pedido a Oxalá
Nossa Srª entregue ao meu redentor
Peça que mande mais um pouco de amor
Pra cobrir esse seu mundo que está chorando de dor

A natureza pede pra sobreviver
Quem sente sede compra água pra beber
Quem sente fome não tem mais o que comer
Seu nome é chamado em vão, ninguém sabe no que crêr

Diga que a cachoeira de Oxum secou
Que as pedreiras de Xangô já foi quebrada
Que os passarinhos não tem mais onde morar
Pois, a mata de Oxóssi já foi toda derrubada

Diga que a fé já não é mais infinita
Na caridade as almas não acredita
Que os Orixás é usado pra riqueza
Diga que não tem valor a força da natureza

Pai tem piedade desses pobres filhos seus
Que quer ser dono do reino dos Orixás
Dono da terra, mata, rios e cachoeira
Mas tudo isso aqui é seu, ninguém foi aí comprar


Autor: Mestre Pedro

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Jornal Fundamento nº 4

Esperança


Quatro velas estavam queimando calmamente. O ambiente estava tão silencioso que se podia ouvir o diálogo que tratavam.
A primeira disse: - Eu sou a Paz! Apesar da minha luz as pessoas não conseguem manter-me, acho que vou apagar. E diminuindo devagarzinho, apagou totalmente.
A segunda disse: - Eu me chamo Fé! Infelizmente sou muito supérflua. As pessoas não querem saber de Deus. Não faz sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala, um vento levemente bateu sobre ela, e esta se apagou.
Baixinho e triste a terceira vela se manifestou: - Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, só conseguem se enxergar, esquecem-se até daqueles à sua volta que lhes amam. E sem esperar apagou-se.
De repente... entrou uma criança e viu as três velas apagadas. - Que é isto? Vocês deviam queimar e ficar acesas até o fim. Dizendo isso começou a chorar.
Então a quarta vela falou: - Não tenhas medo criança, enquanto eu queimar podemos acender as outras velas, eu sou a Esperança! A criança com os olhos brilhantes pegou a vela que restava e acendeu todas as outras.
"QUE A VELA DA ESPERANÇA NUNCA SE APAGUE DENTRO DE NÓS".

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pretos Velhos


Os nossos amados Pretinhos Velhos representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.
Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pousada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião.
Não se pode dizer que em sua totalidade que esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de preto-velho. Outros, nem pretos-velhos foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo forma.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o preto-velho não é preto-velho, ou é, ou o que acontece???".
O espírito que evoluiu tem a capacidade de se por como qualquer forma passada, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um preto-velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os pretos-velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus de lei (exus de luz) desfazendo trabalhos e contra as forças negativas (o mal), espíritos obscessores e contra os exus pagãos (sem luz que trabalham na corrente negativa que levam os homens ao lado negativo e a destruição).
MENSAGEM
Os pretos-velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram apender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e o encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.
Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo com encare seu distino e os acontecimentos de sua vida: "Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento podeis tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciencia do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o cescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoista, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS.”
Salve todos os PRETOS-VELHOS, que DEUS os iluminem e os abençoem. A todos os PRETOS-VELHOS que trabalham nesse mundo e no outro com muito amor.

Fonte: http://estudoreligioso.wordpress.com

A voz do silêncio

O atendimento da noite agora encerrava naquela terreiro de Umbanda.

Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado, desligavam-se de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas.

Um dos médiuns, após, praticamente “despachar” seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.
O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite.

Ouviu a tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo- o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho.

O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos.

- “Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda o que recebo?”
Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de
coqueiro e o chão de terra batida.
Algumas tochas iluminavam o local e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos contrastavam com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.
- Saravá zin fio!
- Saravá meu Pai!
- Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.
- Meu Pai, ela nada falou…
- E suncê se magoou, não foi?
- -É… não compreendi.. .
- Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido as suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela
falta de concentração e pelo vício de “receitas prontas”. A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas. Queria que o filho, instigado pela falta do
aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio “médium-espírito” aconteça, pela bondade divina , o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da “sensibilização fluido- mediúnico” de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes, mesmo e apesar de todo esforço, perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, e então resta-lhes aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece se o filho por vezes o dispensa ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.

Agora o silêncio era todo seu.
Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, pela própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade.

- Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las?

Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio.
O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela. Fechando seus olhos, a ela agradeceu mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara.

A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada.

Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante.

Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida. Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu “sonho”. No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

“Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir”.
Saravá aos filhos da Terra!
Vovó Benta

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saravá nosso Pai Ogum



Nesta casa de guerreiro, Ogum
Vim de longe pra rezar, Ogum
Rogo a Deus pelos doentes, Ogum
Na fé de Obatalá, Ogum


Ogum salve a casa santa, Ogum
Os presentes e os ausentes, Ogum
Salve nossas esperanças, Ogum
Salve velhos e crianças, Ogum

Nego velho ensinou, Ogum
Na cartilha de aruanda, Ogum
E Ogum não esqueceu, Ogum
Como vencer a demanda, Ogum

A tristeza foi embora, Ogum
Na espada de um guerreiro, Ogum
E a luz do romper da aurora, Ogum

Vai brilhar neste terreiro, Ogum

Saravá Pai Ogum


Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. É sincretizado com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após ter sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, batalha, briga. É filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro, na verdade foi Ogum quem deu as armas de caça à Oxossi. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável. É a vida em sua plenitude.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.

Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, militares, soldados, ferreiros, trabalhadores, agricultores e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum é o dono das estradas de ferro e dos caminhos. Protege também as portas de entrada das casas e templos (Um símbolo de Ogum sempre visível é o màrìwò (mariô) - folhas do dendezeiro (igi öpë)

Ogum também é considerado o Senhor dos caminhos. Ele protege as pessoas em locais perigosos, dominando a rua com o auxílio de Exú. Se Exú é dono das encruzilhadas, assumindo a responsabilidade do tráfego, de determinar o que pode e o que não pode passar, Ogum é o dono dos caminhos em si, das ligações que se estabelecem entre os diferentes locais.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ponto - Baiano Pé de Vento

Á PROCURA DE UMA LUZ
FUI NO SERTÃO DA BAHIA
ENCONTRAR SEU PÉ DE VENTO
E A SUA ESTRELA GUIA


DAS COISAS SIMPLES DA VIDA
ELE TRÁS SEUS ENSINAMENTOS
DAS PALAVRAS Á MAGIA
DA MAGIA AO SENTIMENTO


Á PROCURA DE UMA LUZ
FUI NO SERTÃO DA BAHIA
ENCONTRAR SEU PÉ DE VENTO
E A SUA ESTRELA GUIA

COM SUAS FACAS NO CINTO
ELE LUTA COM AMOR
P’RA VER SEUS FILHOS DE FÉ
SEGUIR VIDA SEM TEMOR

sábado, 11 de abril de 2009

Nunca te sintas sozinho - Mensagem de Oxalá

Ouve, meu filho:
Quando todas as portas se fecharem, quando sentir o vendaval da
adversidade açoitar as suas faces, quando a tormenta te surpreender
em meio a tua jornada, segue; Segue sempre de cabeça erguida,
pois o teu guia sou eu.
Ainda que todos os males te aflijam, ainda que as ingratidões te
atordoem e te façam sofrer, lembra-te que eu sou a tua luz e a tua esperança.
Se fores atingido pela calúnia e pela apreensão, não te
desesperes - estarei ao teu lado confortando a tua dor, amparando a
crença que está em teu coração.
Fecha os teus olhos às tentações e abre o teu coração ao amor e à
bondade e ainda que a multidão te apedreje, ainda que te acuse de
crimes que não cometeste, não te sintas intimidado,
nem te acovardes - enfrenta corajosamente os teus acusadores e
vence a tua luta com a firmeza da tua consciência limpa.
Mas se fores traído, se fores perseguido injustamente, não
deixeis que o desânimo domine o teu ser. Fazei do teu coração uma
fonte de amor e ternura e segue os meus passos.
Se em tua luta pela vida somente encontrares a maldade, o egoísmo
e a vingança, perdoa, meu filho. Seja bom, simples, carinhoso,
humilde, pratica a verdadeira caridade, perdoando os teus inimigos.
Reze pelos teus perseguidores, porque eles são mais infelizes do que
tu, meu filho. Cegos e desvairados, eles caminharão para o abismo e
serão destruídos pela própria maldade.
Prossegue a tua jornada confiante em tua fé. Em cada um dos teus
passos, ficarão as marcas das minhas bênçãos; em cada um dos teus
actos, ficarão as marcas indeléveis da tua confiança em mim.
Ouve, meu filho:
Se algum dia tiveres preso ao leito vergado pela dor,
desesperançado pelo sofrimento atroz, não apresses o teu fim no
desespero e nem praguejas o teu destino.
Lembra-te dos que choram, lembra-te dos que sofrem,
lembra-te dos angustiados, lembra-te de que
mais sofredores são os que vivem nas trevas da descrença.
Lembra-te que eu também sofri para te redimir e te salvar e
quando sofreres, eu sofrerei contigo; quando chorares,
eu chorarei com o teu pranto.
Vence, vence meu filho - vence tua luta com a força do teu amor,
com o poder indestrutível da tua fé. Eleva o teu espírito,
purificando a tua alma do sofrimento e na compreensão dos erros
humanos.
Olha para o alto e procura descortinar o meu reino além do
infinito. Aqui estou, meu filho, para te oferecer amor e bondade.
No meu reino de luzes, o teu coração é o meu coração e as portas
não se fecharão jamais.
Caminha para frente sem temer os inimigos. Sê complacente para
com os que não compreendem as tuas convicções e a tua fé.
Lembra-te, meu filho:
Ainda que sinta os teus pés sangrarem, ainda que as tuas lágrimas
queimem as tuas faces, não desanimes: crê em mim, filho meu!
Tens o meu coração cheio de amor e bondade, tens o consolo
do meu perdão para os teus pecados, tens o meu reino que é o teu reino.
Eu esperarei por ti, meu filho. Eu esperarei...

domingo, 22 de março de 2009

Os Sete Caminhos da Vida

1 - O AMOR –É o Poder Absoluto que gerou a natureza e todas as outras coisas. É a força eterna, fonte do tudo e do nada. O amor é a base de tudo, envolve a estrutura de todos os factos no desenvolvimento humano.
2 - A CARIDADE - È um sentimento ou uma acção altruísta de ajudar o próximo sem buscar qualquer tipo de recompensa. È a sensibilidade de devoção e de dar auxílio, ajudar, compadecer do sentimento alheio, é a bondade para com o próximo, que causa um bem-estar no acto. É a força doada pelo Criador do Céu e da Terra, exemplificada na criação do Universo, como via de evolução integral.
3 - A HUMILDADE - É o sentimento de simplicidade nas expressões a si mesmo; obediência á força superior; conhecimento de sua razão e respeito á do outro. Conhecer o seu lugar, o seu Eu, a sua missão, para seguir o seu caminho com resignação.
4 - A FÉ - É o sentimento da crença, do valor recebido, a confiança, a graça alcançada vinda de "cima", das forças superiores. É também, complemento da força da humildade.
5 - A FIRMEZA - Esta é a força adquirida pela sabedoria. O equilíbrio de forças adquirido através da pesquisa, do interesse, na busca dos conhecimentos das Leis Sagradas. Conhecendo estas Leis, terá forças para saber como agir e porque agir. É saber pagar o que deve, para receber o que merece.
6 - A HONESTIDADE – Este é um grande ponto das nossas vidas, quando muitas vezes falamos que somos honestos com os outros, com todos os que nos rodeiam. Já pensaram se são honestos com vocês próprios. A honestidade tem que partir de nós, a partir do momento que consegui-mos ser honestos connosco, vamos conseguir ser honestos com todos os que nos rodeiam.
7 - A FORÇA – Forca adquirida pelo conhecimento da origem das coisas. Só se sente seguro em determinado lugar quem conhece profundamente este lugar. Quando estamos numa ponte, só nos sentimos seguros quando vemos as suas estrutura, suas bases, o material de que é feita, quem a fez e com que finalidade. Conhecendo a origem da ponte, então nos sentimos seguros. E nós, o que somos? Como nos sentimos seguros de nós mesmos sem conhecer a nossa origem!

Saudação Sr. Zé Pilintra

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O Perdão Não tem Contra-indicação

As lembranças de uma infância atribulada ainda ressoavam na memória daquela senhora de meia-idade. Embora houvesse tentado não cometer os mesmos “erros”, equivocou-se na educação de seus filhos. Foram mimos demasiados, excesso de cuidado, e tudo isso os levou a sofrimentos inevitáveis.
Lembrava-se da mãe que, além do mau exemplo, traindo o marido a olhos vistos, não dava carinho nem atenção às crianças, além do pai alcoólatra e agressivo que fazia com que eles o temessem e não o respeitassem.
Lembrava-se das noites de insônia provocadas pelo medo de que o pai cumprisse a promessa de matar a mãe, das vezes em que chorava baixinho, encolhida debaixo da cama, seu refúgio; lembra-se também da falta de diálogo, de conselho, de amor, da adolescência sem instrução sobre as transformações que o corpo sofria, da vergonha de levar os amigos para dentro de casa, das piadinhas que era obrigada a ouvir na escola sobre o desregramento dos pais e de como isso a machucava, pois, embora todos os defeitos, eram seus pais.
Lembrava-se da morte do pai e da frase dita pela mãe que retumbava em seus ouvidos: “Ainda bem que ele se foi. Só incomodava mesmo!”.
Lembrava-se, ainda, de quando teve de sair de casa em plena adolescência para buscar seu destino. Tímida, inexperiente e medrosa, fora jogada nos braços da vida, tendo de aprender a duras penas que as pessoas mentem, logram, julgam, machucam. Seu suor era seu sustento, e, apesar dos assédios, jurou que se manteria correta. Amores, desamores, alegrias e muitas dores fizeram sua caminhada.
Saudades da família. Mas que família? Saudades do pai, cuja figura era idolatrada pelas amigas, mas que, para ela, nem a lembrança que guardava chegava a ser boa. Sentia saudades da mãe que não dava notícias, embora soubesse que ela se sentia feliz por estar longe, já que não concordava com suas atitudes.
Depressiva pelo presente e pelo passado, passou a ter crises de culpa por não conseguir sentir amor por sua mãe. Em seu íntimo algo gritava “urgência” para resolver tal sentimento.
Em poucos dias chegou a notícia de que sua mãe estava muito doente.
A idéia de que ela pudesse morrer em breve atiçou mais ainda sua consciência, que brigava entre o perdão e a mágoa da qual não conseguia se libertar.
Fazia algum tempo que começara a freqüentar um terreiro de Umbanda, onde gostava principalmente das palestras que ensinavam as pessoas a melhorar enquanto vivas, evitando sofrimentos posteriores. Naquele dia solicitou uma ficha de atendimento, pois precisava desanuviar a mente.
- Saravá, zi fia!
O cumprimento do preto velho foi como um detonador das emoções represadas dela, que, sem responde, deixou as lágrimas saírem de seus olhos, em choro doído.
“Descarrega Umbanda
Vem descarregar
Descarrega a filha
Que ela é filha de Oxalá”
Cantava o preto velho, enquanto batia nas costas da mulher com um galho de arruda. Colocando a mão em seu peito, fez lá suas mandingas para retirar uma mancha escurecida que se fixara no corpo astral dela. Aquela energia condensada já fazia parte de seu agregado qual simbiose, e ao ser retirada seu corpo físico, acusou a falta com uma ardência no local.
- Zi fia já estava acostumada com esse nó apertando o peito, mas é preciso desatar antes que o “batedor” canse de fazer força para continuar pulsando.
O preto velho, chamando o cambono, solicitou que ele pegasse um pano branco, água e algumas ervas, com o que fez um emplastro. Limpando à altura do fígado da mulher, com seu galho de arruda e algumas baforadas de seu cachimbo, segurou o emplastro sobre o local por algum tempo, enquanto, com sua voz pausada, esclarecia amorosamente:
- Zi fia está atribulada! Preto velho pode ver que dói o coração e que o alimento que engole já não assenta mais no estômago.
- É verdade. Vivo com indigestão.
- Preto velho vai dizer que a filha está sofrendo por causa da mágoa e para essa dor só há um remédio que não está à venda. A mágoa cria um casulo enegrecido que enclausura alguns órgãos, principalmente o fígado, impedindo-os de funcionar. Com o tempo, esses órgãos adoecem, e, se a energia persistir, de pouco adianta tratar o físico, pois, ao desencarnar, leva-se essa marca impressa no corpo astral, modelador do físico na próxima encarnação. Quantos seres ainda na infância precisam de transplante de órgão, sinal evidente de carma gerado em vida passada.
- Meu pai, eu não quero essa mágoa, mas não consigo me libertar dela. Minha mãe nunca fez nada para que eu a amasse, pelo contrário.
- Preto velho tem que perguntar uma coisa para a filha: quem foi que a pariu?
- Ela.
- Parir nem sempre atesta amor ou bondade, mas é a maior oportunidade que pode ser dada a um espírito necessitado de reajusta. Milhões deles, enfileirados, aguardam uma barriga que os aninhe, oportunizando a bênção do esquecimento das torturantes dores da consciência. Preto velho sempre fala que do outro lado não há aspirina. Lá a dor é dor, por isso a matéria é tão importante, pois é onde nos escondemos por um tempo precioso, além de poder, por meio dela drenar as impurezas que agregamos ao espírito ao longo da caminhada. Você, filha, era um desses espíritos ansiosos pela reencarnação. Por necessidade e afinidade, teve de vir por intermédios desses pais, pois, na execução das leis divinas, não existe acaso. No passado, foram filhos abandonados; hoje são pais omissos. É hora de encerrar o ciclo, de curar as desavenças, e cabe a você fazer isso. Não se omita, pois saiba que, se hoje você é a vítima, é sinal de que já foi algoz. Veja sua mãe como um espírito que hoje precisa de sua compreensão e não de seu julgamento. Deixe seu coração falar aproveitando que ele está querendo exercer o perdão. Vá até ela enquanto pode lhe ouvir e fale de suas dores, de suas mágoas, pois só assim vai aliviar seu peito. Depois, liberte o amor que deixou guardado por todos esses anos, num abraço de paz. Mate o passado, antes que ele faça isso com vocês duas. Descongestione seu fígado, filha.
Após esse dia a mulher se apressou para visitar sua mãe e fazer o que o preto velho aconselhara. Conversaram e, entre lágrimas e risos, tiveram a oportunidade de conviver muito próximas durante apenas sessenta dias. O temp de vida da mãe que lhe restava na Terra.
- Presta atenção, camboninho, a vida na Terra é como a fumaça do cachimbo do preto velho; num sopro ela se dissipa no ar. O tempo de Deus é diferente do nosso, por isso precisamos ficar alertas para os pedidos de nosso coração, que é o ouvido de nossa alma, por onde Deus se comunica conosco. Da vida temos que guardar as coisas boas e nos esquecer das más, para que possamos ser felizes. Levar entulhos como a mágoa para o além-túmulo é projetar dores desnecessárias para o futuro. Na bula do perdão a indicação é que se deve tomar uma dose dele várias vezes todos os dias: não há contra-indicação e a cura é certa.
- Saravá, zi fio! Até a volta! Nego veio abençoa em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo!
- Saravá, meu Pai! Proteção para seu aparelho também. Até a volta!
O Perdão Não tem Contra-indicação
Do livro Causos de Umbanda – A Psicologia dos Pretos Velhos
Vovó Benta
Psicografada por Mãe Leni W. Saviscki

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Quem somos?

O Grupo de Jovens Umbandistas “OS Filhos de Aruanda”, foi iniciado a 15 de Novembro de 2007. A iniciativa partiu assim, do nosso Pai Cláudio de Oxalá, que sentiu a necessidade crescente de criar um organismo que acolhesse os jovens, e facilitasse a difusão de princípios como: Amor, Caridade, Humildade, Honestidade, Fé, Força e Firmeza. Pretendeu com a formação e desenvolvimento do Grupo de Jovens criar uma rede de suporte espiritual, social, psicológico e humanitário firme, que respondesse às necessidades de cada um dos seus membros.
Assim sendo, o Grupo de Jovens numa esfera de união, colaboração e inter-ajuda pretende organizar e promover acções que desencadeiem um conhecimento mais alargado e abrangente acerca da doutrina Umbandista. Temas como o conhecimento acerca da ritualística, princípios e fundamentos, conhecimento dos Orixás, Entidades e respectivas linhas de trabalho, são tidos em conta. Não obstante, a consciencialização de outros aspectos que apoiam e sustentam a vivência humana de forma também significativa, são abordados com o mesmo vigor. Mesmo porque o nosso intuito é chamar a atenção para a importância de aspectos tão simples e singelos como, a força de um perdão sincero, a graciosidade existente na força e no brilho dos elementos da natureza, bem como numa lágrima ou num sorriso de um desconhecido. Que tão simplesmente aprendemos ou desaprendemos a ignorar.
Actividades lúdicas de que são exemplos convívios, encontros, passeios na natureza, participação em eventos culturais, são objectivos que pretendemos concretizar, havendo espaço também para prestar apoio e colaboração em diversas tarefas de inter-ajuda, sempre que se proporcione e seja solicitada a ajuda dos elementos do grupo.
Actividades do foro social e comunitário, como por exemplo, o contacto dos membros com contextos e/ou realidades de meios sociais desfavorecidos serão dinamizados.
Os nossos encontros são desenvolvidos num contexto isento de preconceitos, são dedicados à partilha voluntária de experiências pessoais, onde se fomenta um clima de aceitação, união, confiança, para que mais facilmente se desenvolva uma atmosfera humana de excelência. Para isto, actividades como exercícios de meditação, a reflexão individual e conjunta, discussões e debates são desenvolvidos. E muitas delas vão contando com a presença e orientação de convidados.
Os nossos encontros têm lugar na sede do Templo, todas as quintas-feiras às 21h30m, tendo aproximadamente a duração de uma 1h30m/2h.

Saudação Caboclo Sete Flechas

Necessidade Espiritual ou Vaidade

Luxo na Umbanda? Necessidade espiritual ou vaidade do(s) médium(ns)?
Vamos refletir sobre: "necessidade x vaidade x humildade".
Não está acontecendo um exagero de vaidade na Umbanda (não da religião, mas dos adeptos)? Entre muitos aspectos, podemos citar como exemplo a vestimenta e os paramentos: quando o médium tem uma entidade ou outra que usa um apetrecho de trabalho (um chapéu, um lenço, uma bengala ou mesmo outro elemento), nota-se que a necessidade desse material é do guia, ou seja, aquele espírito usa o chapéu, o lenço etc. para realizar seu trabalho, dentro do seu fundamento.Mas, quando TODAS as entidades que trabalham com o mesmo médium, ou todas do mesmo terreiro (mesmo em médiuns diferentes) precisam se paramentar, não seria mais coisa do(s) médium(ns), na maioria das vezes semi-consciente(s), do que do(s) espírito(s) atuante(s)?
Na internet, revistas e jornais, podemos ver com facilidade, fotos em que o mesmo médium (ou todos do terreiro), quando incorporado(s) apresenta(m)-se da seguinte forma: o baiano está vestido de cangaceiro, com falangeiros de seu Zé Pelintra (não concordo com o termo “linha de malandros”, usado pelos umbandistas mais novos ) usa terno, bengala e chapéu, o boiadeiro parece um capataz ou um coronel fazendeiro, o caboclo se veste imitando um índio (já que o de modo geral, os artigos encontrados, como cocares, não são genuinamente indígenas, e muitos não têm nenhuma semelhança aos paramentos que eram utilizados pelos povos ancestrais de nosso continente, ou mesmo pelos índios atuais), o Ogum veste roupa de soldado romano e tem uma linda espada (se possível, cravejada de brilhantes), o erê traja roupas infantis (macacãozinho, vestidinho colorido etc), o cigano com vestes características do povo (e lógico, quanto mais colorido, melhor), o Exu usa capa, tridente e cartola, o marinheiro usa uma “farda” como se fosse um autêntico capitão da marinha americana, etc. Isso quando não resolvem por um “trono” no meio do terreiro, colocando a entidade numa posição de rei dentro da casa (já existem tronos especialmente confeccionados para Exus e que são vendidos aos “olhos da cara” nas casas de artigos religiosos).
O que vocês acham? Será que existem mesmo médiuns ou casas onde TODAS as Entidades atuantes precisam se paramentar?
Seria coincidência esses espíritos escolherem, todos ao mesmo tempo, esse médium ou essa casa, para se paramentar?
Isso não seria contrário ao principal lema da Umbanda: “HUMILDADE e SIMPLICIDADE”- tão ensinado pelos nossos sábios Pretos-Velhos?
A roupa branca (símbolo de igualdade), aos poucos estaria deixando de ser a FARDA dos soldados do exército do Pai Oxalá, já que até em dias de giras comuns estão usando roupas cada vez mais esplendorosas?
Será que festa de entidade ou orixá precisa mesmo desse luxo todo, deixando, às vezes, um local sagrado como um templo umbandista mais parecido com uma ala de escola de samba, onde todo mundo fica "fantasiado"?
Esse colorido todo não facilita a indução à mistificação, ou no mínimo, ao animismo, já que o médium que gastou tanto dinheiro com toda essa parafernália, não vai querer deixar tudo aquilo guardado?
Ou será que os guias, que sempre foram exemplos de humildade e simplicidade, é que são (ou estão ficando) cada vez mais vaidosos (o que não acredito)?
Irmãos-de-fé, filhos da nossa amada Umbanda: apesar do respeito às diferenças, certas questões poderiam e deveriam ser melhor estudadas ou revistas pelos seguidores do Mestre Oxalá, afinal de contas, a Umbanda veio para dar espaço a todos os filhos do Pai Celestial, principalmente aos simples e humildes (encarnados e desencarnados), muitas vezes não aceitos em outros segmentos religiosos. Com toda essa parafernália utilizada atualmente, como os mais necessitados se encaixarão, já que muitos não podem comprar uma “roupa de Exu”, que muitas vezes, custa mais do que eles ganham por um mês de trabalho?
Lembremos que o brilho que devemos mostrar não é no luxo da vestimenta, ou seja, o lado externo, pois tudo isso é ilusório, já que roupa não tem força espiritual. O que realmente importa é a essência divina que existe em cada um de nós, filhos de Deus (encarnados e desencarnados). Esse brilho, que brota no âmago do ser é que deve ser mostrado e melhor ainda, doado, a todos aqueles que necessitam. Isso sim agrada ao Pai, aos orixás e seus Falangeiros de Luz.
SP. 19/01/2007
Texto de Sandro da Costa Mattos – Ogã Alabê da APEU – Associação de Pesquisas Espirituais Ubatuba – Templo de Umbanda Branca do Caboclo Ubatuba.
Autor da obra: O LIVRO BÁSICO DOS OGÃS – Ícone Editora